
A aeronave que caiu no Pantanal sul-mato-grossense nesta terça-feira (23) vitimando o renomado arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., e o piloto Marcelo Pereira de Barros, operava fora do horário para o qual estava habilitada. A informação foi divulgada pela delegada Ana Claudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. “Vamos verificar quais são as condições dessa aeronave, quais eram as condições de voo, mas já temos algumas informações que nos levam a uma operação fora do horário na pista existente aqui no local onde faziam o pouso”, afirmou a delegada.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava certificada apenas para voos diurnos, não possuindo equipamento para operar durante a noite ou em condições de mau tempo. Nesses casos, o piloto precisa de contato visual com o solo e orientação pelo horizonte. Testemunhas relataram que já era noite quando o piloto tentava o pouso na pista da Fazenda Barra Mansa. O Hotel Barra Mansa esclareceu que o voo era particular e não fazia parte dos serviços oferecidos pelo estabelecimento.
A delegada Medina descreveu as primeiras ações no local do acidente, que priorizaram a remoção das vítimas dos destroços da aeronave, que explodiu e carbonizou ao tocar o solo. “Priorizamos a extração das vítimas dos destroços da aeronave e a tentativa de identificar as vítimas. Ainda há necessidade de individualizar as identidades das vítimas que acabaram em óbito, já que no sinistro a aeronave acabou carbonizando e trouxe diversos prejuízos para a identificação desses corpos. Fizemos oitivas e requisitamos exames”, explicou.
Devido ao estado dos corpos, não foi possível realizar o reconhecimento pessoal por documentos nem pela papiloscopia comum. A confirmação inicial das identidades foi baseada em depoimentos de testemunhas e familiares. A equipe de peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) era aguardada no local, com a chegada dificultada pelo isolamento da área. “Aguardamos a chegada da equipe para que a gente possa se aprofundar no local onde se encontram os destroços da aeronave, verificar quais são condições da aeronave e quais eram as condições do voo”, disse a delegada, indicando o aprofundamento das investigações.
As famílias das vítimas já foram solicitadas a fornecer material genético para confronto de DNA. O filho de 8 anos do piloto, por exemplo, entregou uma amostra que foi encaminhada para Campo Grande. A maioria dos familiares das vítimas reside em São Paulo, enquanto os parentes do piloto, apesar de ele morar em Mato Grosso do Sul, também são do interior paulista. A ex-mulher e o filho do piloto estavam na cidade no momento da tragédia.
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*Com informações do Estadão Conteúdo