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ARTIGO | Brasil: a ilha de 250 milhões de pessoas

O Latin Grammy Awards se consolidou ao longo dos anos como uma das mais prestigiadas cerimônias da indústria musical mundial. Reunindo anualmente os maiores nomes da música latina e celebrando as conquistas da música em espanhol e português, o evento tem sido um marco de prestígio e visibilidade para artistas e marcas. Uma coisa é […]

O Latin Grammy Awards se consolidou ao longo dos anos como uma das mais prestigiadas cerimônias da indústria musical mundial.

Reunindo anualmente os maiores nomes da música latina e celebrando as conquistas da música em espanhol e português, o evento tem sido um marco de prestígio e visibilidade para artistas e marcas. Uma coisa é certa: o retorno do Grammy Latino a Miami este ano foi positivo e possibilitou a presença de um maior número de pessoas, em uma audiência mais atenta e provocativa. No entanto, também trouxe à tona o chamado “isolamento cultural do Brasil”.

Como parte da maior delegação brasileira da história no evento, estive imersa nesse cenário que evidenciou um baixo número de iniciativas construtivas para gerar e promover uma real colaboração entre os artistas e produtores musicais, ainda mais tratando-se de Brasil. Vimos com grande alegria a presença de artistas brasileiros como Anitta, Tiago Iorc, Jota.Pê, Ana Castela e Os Garotins, que conquistaram destaque merecido. No entanto, a ausência de nomes brasileiros nos maiores prêmios e nas principais categorias, evidenciou o quão grande ainda é a barreira que separa o Brasil do resto da Ibero-América, especialmente no que diz respeito à aceitação de nossa música em sua pluralidade.

Apesar dos avanços recentes, como feats, mashups e intercâmbio de shows, a realidade é que o mercado brasileiro segue isolado culturalmente da América Latina e tivemos, no Latin Grammy 2024, um exemplo claro da nossa pouca representatividade. Mas tenho uma visão otimista e acho que esse isolamento não deve ser encarado como um problema, mas sim como uma enorme oportunidade de crescimento e expansão, tanto para artistas como também para marcas: marcando presença no evento, ativando e se apropriando desse momento que tanto inspira. Senti falta da presença de marcas brasileiras por lá, abordando e trabalhando conceitos como orgulho nacional, patriotismo, conquista e superação. Um oceano azul que muitas marcas poderiam se apropriar, sem dúvidas.

A boa notícia é que estamos em um momento de transição e de possibilidade de maior integração, tanto que o próprio evento já se manifestou sobre a edição 2025, prometendo um movimento de representatividade, com maior participação de outros países latino-americanos, como por exemplo, Peru, Equador e Chile. Enxergo neste movimento uma grande chance de criarmos uma posição única no cenário musical global. O Brasil, com sua rica diversidade de ritmos e influências culturais, tem o potencial de construir pontes e abrir novas avenidas de reconhecimento, tanto para os artistas latinos quanto para os brasileiros.

Do lado latino, a falta de acesso ao gigante mercado brasileiro tem sido uma preocupação crescente. A música brasileira, com sua enorme diversidade e qualidade, desperta o interesse de artistas e produtores de toda a América Latina. Para os artistas brasileiros, o “isolamento” cultural representa uma oportunidade estratégica de lançar sua música além das fronteiras linguísticas e explorar os mercados vizinhos, com sua proximidade cultural e a riqueza de experiências que compartilham conosco.

É crucial, então, que pensemos em como aproveitar esse espaço para criar oportunidades bilaterais, onde a música brasileira e latina se fortaleçam mutuamente. Estamos em um momento propício para isso, e a nossa responsabilidade é analisar as formas de quebrar as barreiras do idioma e de percepção, valorizando a pluralidade que tanto caracteriza a música latina e brasileira.

A estratégia deve ser clara: fortalecer as relações, tanto comerciais quanto culturais, com a América Latina, criando uma verdadeira rede de colaboração, projetos e parcerias estratégicas entre artistas, produtores e públicos. O Grammy Latino, com sua visibilidade global, é um excelente ponto de partida para essa aproximação.

O isolamento cultural do Brasil, portanto, longe de ser uma limitação, é hoje uma oportunidade estratégica de nos posicionarmos como um hub musical para toda a América Latina. O caminho para a integração plena passará, sem dúvida, por um trabalho conjunto, e esse trabalho precisa ser pensado com carinho e foco em reforçar o reconhecimento que a nossa música, tão rica e única, merece. Estamos prontos para cruzar as fronteiras linguísticas e culturais e dar o próximo passo rumo ao protagonismo na música latina. O Grammy Latino já nos mostrou que o Brasil tem tudo para brilhar no palco global.

por Marcela d’Arrochella é Sócia e Diretora Comercial do Sua Música.

Foto: Divulgação Sua Música

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