
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, rebateu neste domingo (3) as críticas internacionais à recente reforma constitucional que autoriza a reeleição presidencial indefinida no país. Segundo ele, a medida não representa o fim da democracia e o incômodo de organismos internacionais ocorre por se tratar de uma decisão tomada por um país “pequeno e pobre”. A reforma foi aprovada em trâmite acelerado na última quinta-feira (1º) pela Assembleia Legislativa, controlada por aliados de Bukele.
O texto amplia o mandato presidencial de cinco para seis anos, elimina o segundo turno das eleições e permite reeleições sucessivas. Em publicação na rede social X, o presidente argumentou que “90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida de seu chefe de Governo, mas ninguém se incomoda”. Para ele, o debate em torno do tipo de sistema político — parlamentar ou presidencial — serve apenas como pretexto. “Porque o problema não é o sistema, e sim o fato de que um país pobre se atreve a agir como um país soberano”, escreveu.
Bukele também ironizou que, mesmo que El Salvador adotasse regras semelhantes às de monarquias parlamentares europeias, como Reino Unido ou Espanha, as críticas persistiriam. “Supõe-se que você não deve fazer o que eles fazem. Supõe-se que você deve fazer o que eles dizem. E se espera que você permaneça em seu lugar”, declarou.
A reforma constitucional foi aprovada em meio a uma nova onda de detenções contra ativistas e opositores, o que levou dezenas de jornalistas e defensores dos direitos humanos ao exílio. Entidades como Anistia Internacional, Human Rights Watch (HRW) e o Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA) classificaram a medida como um “golpe mortal” à democracia e uma “manipulação” da Constituição para favorecer a permanência de Bukele no poder.

Eleito em 2019 e reeleito em 2024 com cerca de 85% dos votos, Bukele mantém alto índice de aprovação popular, impulsionado principalmente pela queda drástica dos índices de violência após a adoção de um regime de exceção em 2022 para combater o crime organizado. No entanto, organizações de direitos humanos denunciam abusos no programa de segurança, que inclui detenções em massa sem ordem judicial e restrições a liberdades civis.
*Com informações da AFP
Publicada por Felipe Cerqueira
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