Por Karen Wood*
Nos últimos anos, a inteligência artificial generativa e autônoma deixou de ser um experimento para se tornar essencial no marketing. Mesmo assim, muitas equipes e agências ainda não sabem exatamente como aplicar esse novo “superpoder”.
O que começou como um conjunto de ferramentas para tarefas específicas evoluiu rapidamente para algo muito mais profundo, uma força capaz de redefinir a própria natureza da criatividade.
Estamos entrando na era “agêntica” do marketing: um momento em que campanhas deixam de ser planejadas, lançadas e otimizadas manualmente. Em vez disso, passam a acontecer ao vivo, guiadas por sistemas de IA que analisam o mercado em tempo real. Essas tecnologias captam emoção, contexto e comportamento, ajustando a direção criativa instantaneamente.
Nesse novo cenário, o marketing deixa de ser uma sequência linear e se torna uma performance contínua. As equipes criativas não produzem apenas peças, elas orquestram experiências que pensam, aprendem e evoluem conforme o público e o ambiente mudam.
E isso não é um futuro distante. A base já está aqui. O maior obstáculo hoje não é tecnológico, e sim mental: romper com antigos modelos de trabalho. Mas as equipes estão evoluindo tão rápido quanto as ferramentas e ninguém quer ficar para trás.
De campanhas reativas a sistemas vivos
Por décadas, o marketing seguiu o mesmo ciclo: pesquisar, planejar, produzir, lançar, medir, otimizar. Nem mesmo a digitalização quebrou esse padrão, apenas acelerou seus passos.
Agora, a IA está mudando o ritmo. Campanhas deixam de ser eventos com início e fim e passam a ser sistemas vivos: inteligentes, adaptáveis e em movimento constante.
Imagine:
- Uma marca de bebidas que muda sua mensagem conforme o clima de cada cidade;
- Uma empresa de viagens que alterna o tom entre “aventura” e “bem-estar”, dependendo do sentimento cultural do momento;
- Um varejista que identifica uma nova tendência estética entre um grupo específico e ajusta automaticamente suas peças para acompanhar essa mudança.
Esse é o poder da criatividade em tempo real. Cada sinal vira insumo criativo. Cada momento vira chance de conexão.
Criatividade que se adapta em voo
Um dos pontos mais empolgantes (e desafiadores) é que a própria criação passa a se transformar continuamente. Em vez de esperar por análises trimestrais ou resultados de A/B tests, a IA entende no instante o que funciona.
E, ao contrário do limite humano de produzir infinitas variações, a IA generativa pode criar versões ilimitadas em segundos, ajustadas para emoção, contexto ou desempenho. Ela testa e otimiza não só títulos ou imagens, mas também o tom e até a intenção emocional de cada mensagem.
Mas há algo essencial: a IA não substitui a criatividade: ela a potencializa.
Quando a máquina cuida das microdecisões, nós ganhamos espaço para fazer o que sabemos melhor: criar significado, história e emoção. A tecnologia vira um amplificador da intuição criativa, não um substituto. Saímos da produção para a inovação.
De gestão de peças à orquestração de resultados
Essa mudança redefine o papel de agências e líderes de marca. O valor não será medido apenas em entregáveis ou impressões, mas em resultados, na capacidade de conduzir experiências em tempo real que realmente gerem impacto.
Isso exige novas estruturas e habilidades. Briefings se tornam documentos vivos, que se atualizam conforme o mercado muda. As análises criativas acontecem dinamicamente, com agentes de IA oferecendo insights e recomendações instantâneas.
Na era agêntica, as melhores agências serão centros de inteligência, conectando dados, criatividade e tecnologia em um ciclo contínuo. Elas não vão apenas criar campanhas; vão projetar sistemas que as executam continuamente.
O futuro já começou
Muitas marcas já estão experimentando esse caminho. Elas treinam modelos de IA com anos de dados e resultados para prever quais imagens geram maior resposta. Equipes de mídia conectam sinais de desempenho em tempo real a ferramentas generativas que ajustam o conteúdo conforme humor e intenção do público.
Esses pioneiros estão descobrindo algo poderoso: a IA não deixa as campanhas apenas mais rápidas — ela as torna mais humanas. Porque inteligência, no marketing, não é só automação; é empatia em escala. É entender como as pessoas se sentem agora e responder com precisão e autenticidade.
Um novo papel para a criatividade
À medida que avançamos para essa era de performance ao vivo, o próprio processo criativo se torna o diferencial. A pergunta não é se a IA vai transformar o marketing, mas como vamos usá-la de forma criativa para nos conectar com as pessoas.
A próxima grande campanha não terá uma única data de lançamento ou um único título. Ela vai evoluir em tempo real, moldada pelo diálogo entre imaginação humana e inteligência de máquina.
O futuro do marketing não é apenas inteligente.
É vivo.
*Karen Wood é CMO da Treasure Data e atua há 15 anos como líder na área de plataformas de dados de clientes, dados e analytics, trabalhando diretamente com líderes de marketing e TI de grandes empresas para resolver desafios de experiência do cliente e de análise de dados com o apoio de IA.
Oriundo da AdWeek – Foto: Freepik
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