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Crise política remediada, não solucionada

Desde a péssima performance de seu partido nas eleições europeias de 2024, o presidente Emmanuel Macron vive uma crise de governabilidade que parece não ter solução. Inicialmente, Macron apostou em eleições antecipadas para o legislativo, uma medida que funcionou apenas como um plebiscito para a avaliação do presidente em si. Apesar de ter um resultado […]

Desde a péssima performance de seu partido nas eleições europeias de 2024, o presidente Emmanuel Macron vive uma crise de governabilidade que parece não ter solução. Inicialmente, Macron apostou em eleições antecipadas para o legislativo, uma medida que funcionou apenas como um plebiscito para a avaliação do presidente em si. Apesar de ter um resultado superior ao esperado, o impasse na Assembleia Nacional, dividiu o poder em três grupos e impossibilitou a formação de qualquer coalizão majoritária.

De um lado um bloco de esquerda, partindo do centro até a esquerda radical, que se opõem veementemente às pautas econômicas e migratórias de Macron. No centro, o próprio presidente com um partido que diminuiu de tamanho durante os últimos anos e sem habilidade para persuadir os opositores. Da direita até a extrema-direita, desafetos políticos do presidente, inviabilizam qualquer possibilidade de acordo e prolongam o desgaste dos governistas.

Após ter sido removido por um voto de desconfiança, o ex-premiê, Michel Barnier, se demitiu, o que colocou fim a um governo de curtíssima duração e aprofundou a crise política em um parlamento já dividido. Emmanuel Macron se viu, então, com a difícil tarefa de nomear um novo primeiro-ministro em poucos dias, em uma manobra para mostrar resiliência e efetividade em sua articulação política.

Alguns nomes foram cogitados, mas apenas nos últimos minutos, o anúncio de François Bayrou foi feito, após ameaças da legenda de centro-direita, Movimento Democrático, de abandonar o presidente, caso um nome do seu partido não fosse nomeado. Apesar da pressão, Bayrou é um nome já conhecido pelos franceses por sua longa trajetória política.

Atualmente atuando como prefeito da cidade de Pau na região dos Pirineus, Bayrou já concorreu três vezes à presidência da França, foi ministro da educação sob François Mitterrand e Jacques Chirac, além de ministro da justiça sob Macron. Sua carreira política centrista, fez com que se tornasse uma figura conhecida pelos franceses dentro e fora do parlamento, mas por sua posição mais moderada, faz com que não receba o aval imediato das alas radicais da Assembleia Nacional.

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O anúncio às pressas do presidente, escolhendo um nome dentro do establishment político, já desagradou o partido de esquerda radical, a França Insubmissa, que prometeu pautar mais uma moção de desconfiança no parlamento em breve. Os ultraconservadores, por sua vez, já disseram que darão tempo para o novo primeiro-ministro mostrar se está disposto a escutar a oposição e apresentar projetos que possam atender às demandas dessa parcela do eleitorado.

Por hora, alguns consideram a crise sanada, mas a instabilidade de um segundo governo minoritário em menos de quatro meses, afirma que a falta de governança cobrará sua conta em um futuro bem próximo. De acordo com a constituição francesa, duas eleições legislativas não podem ocorrer de maneira antecipada em um período de um ano, portanto Macron e Bayrou deverão trabalhar arduamente para fazer as articulações necessárias e evitar um segundo voto de desconfiança.

Tudo indica que a tarefa será hercúlea e que os dois extremos estão convencidos que o desgaste de Macron é a melhor estratégia par as eleições gerais de 2027. Seja qual for o caso, está claro que as fissuras cada vez mais aparentes na sociedade francesa, agora também se tornam explícitas dentro dm um governo impopular. 

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