Evangélicos já representam 26,9% da população e grupos de matriz africana triplicam presença
Não é surpresa que o Brasil vivencie mudanças significativas em sua configuração religiosa. Os dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (6) pelo IBGE, apenas reforçam essa transformação. O país registra queda na fé católica e apresenta avanço de outras crenças, especialmente das igrejas evangélicas e também da parcela que se declara sem religião.
Esse novo retrato religioso coincide com um momento de transição para a Igreja Católica. Após a morte do papa Francisco, em abril deste ano, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito como novo líder da instituição, adotando o nome de papa Leão 14.
O novo pontífice assume o posto em um momento em que a proporção de católicos no Brasil caiu de 65,1% em 2010 para 56,7%, enquanto os evangélicos já representam 26,9% da população.
Segundo o IBGE, 112,8 milhões de pessoas se declararam católicas no país. Em 2010, esse número era de 123 milhões, o que representa uma redução de 8,4 pontos percentuais em 12 anos. Os evangélicos, no entanto, saltaram de 42,3 milhões para 66,8 milhões no mesmo período. Já o grupo sem religião também cresceu: passou de 7,9% para 9,3%, o equivalente a 17,7 milhões de brasileiros.
Confira a tabela abaixo com todas as religiões consultadas pelo IBGE:
Religião | % da população | Nº de habitantes (aprox.) |
---|---|---|
Católica | 56,7% | 112,8 milhões |
Evangélica | 26,9% | 66,8 milhões |
Sem religião | 9,3% | 17,7 milhões |
Espírita | 1,8% | 3,7 milhões |
Umbanda e Candomblé | 1,0% | 1,9 milhão |
Testemunhas de Jeová | 0,7% | 1,7 milhão |
Outras cristãs (exceto católicas e evangélicas) | 0,3% | 575 mil |
Outras religiões sem denominação específica | 0,7% | 1,4 milhão |
Religiões indígenas | 0,1% | 174 mil |
Islamismo | 0,04% | 70 mil |
Judaísmo | 0,02% | 22 mil |
Sem declaração | 0,9% | 1,7 milhão |
Retrato por região
O Brasil segue sendo um país majoritariamente católico, mas a composição religiosa varia bastante entre as regiões. O catolicismo é mais presente no Nordeste (63,9%) e no Sul (62,4%), enquanto o Norte é a única região onde menos da metade da população se declara católica (45,6%).
Região | Católicos | Evangélicos | Sem religião |
---|---|---|---|
Norte | 45,6% | 36,8% | 8,5% |
Nordeste | 63,9% | 23,1% | 7,4% |
Sudeste | 52,5% | 26,1% | 10,5% |
Sul | 62,4% | 24,1% | 9,1% |
Centro-Oeste | 51,5% | 31,4% | 9,5% |
Religião, raça e escolaridade
O Censo também aponta diferenças importantes entre cor ou raça declarada e filiação religiosa. A maioria das pessoas brancas (60,2%), pretas (55,4%) e pardas (56,2%) se identifica como católica.
Já entre os indígenas, os evangélicos aparecem com mais representação: são 32,2%, contra 50,7% de católicos. A população amarela concentra os maiores percentuais de espíritas (3,2%), adeptos de religiões orientais (13,6%) e pessoas sem religião (16,2%).
A relação entre religião e escolaridade também se destaca. Entre os espíritas, 48% têm ensino superior completo e apenas 11,3% não concluíram o ensino fundamental.
Por outro lado, religiões indígenas (24,6%) e católicas (7,8%) apresentam as maiores taxas de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais. As religiões de matriz africana também enfrentam desafios nesse aspecto: 13,4% dos fiéis têm baixa escolarização.
(Com informações da Agência Brasil)
(Crédito: Foto de Yuri Figueiredo no Unsplash)