Um retrato do que deve mover o marketing em 2026 começa a se delinear: a inteligência artificial deixa o terreno da experimentação e passa a integrar a infraestrutura diária das marcas.
A análise divulgada pela Kantar indica uma virada em que decisões estratégicas, do produto ao posicionamento, passam a ser moldadas por agentes de IA, dados mais sofisticados e consumidores que transitam entre o humano e o algorítmico.
O primeiro sinal dessa transformação está no comportamento de compra. Com assistentes de IA ganhando escala e participando ativamente da jornada de uma parcela crescente dos consumidores, marcas precisam aprender a competir, e persuadir, também esses intermediários digitais. O marketing deixa de falar apenas com pessoas e passa a disputar espaço em recomendações geradas por modelos, o que aumenta a importância de conteúdos estruturados, dados limpos e presença ativa nos motores generativos.
A qualidade dos dados se torna um divisor de águas. Em vez de depender apenas dos rastros deixados pelos usuários, as marcas começam a operar com dados sintéticos e simulações avançadas, como gêmeos digitais e boosting de cohorts. Isso amplia audiências, refina previsões e cria espaço para estratégias que antes exigiam amostras humanas maiores ou mais caras. O alcance deixa de ser uma métrica puramente financeira e passa a ser resultado de engenharia e modelagem.
Essa nova lógica também redefine a criatividade, destaca Eduarda Camargo, CGO da Portão 3 (P3). “Em 2026, a vantagem competitiva nasce da combinação entre emoção humana e precisão algorítmica. Os CMOs são pressionados a testar mais, falhar mais rápido e descobrir quais estímulos realmente despertam intenção de compra. A criação deixa de depender exclusivamente de intuição e passa a ser calibrada por evidências, não para sufocar o toque humano, mas para torná-lo mais eficaz”, afirma.
No curto prazo, cresce a importância das pequenas vitórias. A valorização cultural dos “mimos”, gestos simples que tornam o cotidiano mais confortável, se transforma em oportunidade para ações táticas. São mensagens, experiências e ativações desenhadas para gerar alívio, recompensa e proximidade emocional, reforçando a presença da marca em momentos corriqueiros, porém altamente significativos.
O avanço das retail media networks (RMNs) consolida uma reorganização profunda no ecossistema de mídia. Ao atuarem como plataformas de alto valor para varejistas e anunciantes, elas criam um fluxo de informação que permite personalização extrema e formatos mais alinhados à intenção real do consumidor. Para marcas que buscam crescimento, colaborar com o varejo deixa de ser opção e se torna estratégia.
Outra força que moldará o ano é a atuação dos creators. Após anos de expansão, 2026 exige mais maturidade: métricas claras, diretrizes objetivas e curadoria mais rigorosa. Não basta afinidade estética; é necessária relevância estratégica. Criadores passam a ser tratados como parte da cadeia de valor, e não como um adendo às campanhas.
Nas redes sociais, a busca por pertencimento desloca a audiência das grandes massas para microcomunidades. São espaços menores, mas profundamente engajados, onde autenticidade pesa mais do que alcance. Para as marcas, isso exige sensibilidade cultural, coerência entre discurso e comportamento interno e compromisso real com diversidade e inclusão. Inclusão deixa de ser uma bandeira e passa a ser prática cotidiana, que naturalmente impulsiona crescimento.
Em conjunto, essas tendências revelam um cenário em que o marketing se torna simultaneamente mais técnico e mais humano. A tecnologia automatiza, prevê e escala; o toque humano interpreta, conecta e dá sentido. É na interseção entre esses dois polos que 2026 promete redefinir como marcas crescem e como permanecem relevantes.
Imagem: iStock
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