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O futuro incerto da política sul-coreana

O mês de dezembro na Coreia do Sul foi marcado por momentos de incerteza e de recordações negativas de um passado não tão distante. Em uma manobra autoritária, e até agora pouco compreendida, o presidente conservador Yoon Suk Yeol, decretou lei marcial com justificativas vagas e trazendo más lembranças ao povo sul-coreano, que até o […]

O mês de dezembro na Coreia do Sul foi marcado por momentos de incerteza e de recordações negativas de um passado não tão distante. Em uma manobra autoritária, e até agora pouco compreendida, o presidente conservador Yoon Suk Yeol, decretou lei marcial com justificativas vagas e trazendo más lembranças ao povo sul-coreano, que até o final da década de 1980 se acostumou com golpes de estado e ditadores. A escolha arriscada do presidente Yoon, ricocheteou e se transformou em uma imensa crise interna em seu partido e no parlamento como um todo, para que seu afastamento fosse aprovado. A pressão popular nas ruas e a maioria legislativa nas mãos da oposição confirmaram seu impeachment antes da virada do ano. Apesar do aval dos deputados para o afastamento do chefe do executivo, segundo as leis sul-coreanas, o Tribunal Constitucional do país deve referendar a escolha do legislativo em até seis meses, para que assim, o afastamento seja definitivo e novas eleições sejam chamadas.

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Por enquanto, os juízes da mais alta corte ainda não tomaram uma decisão, mas o Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários sul-coreanos no mesmo diapasão que procuradores do país, emitiram um mandado de prisão para o presidente afastado, após Yoon se negar a depor e auxiliar nas investigações que o acusam do crime de insurreição. Segundo a constituição do país, tentativas de insurreição, caso praticadas pelo mandatário, não se encaixam nas imunidades presidenciais e podem, de fato, colocar o presidente atrás das grades. Durante a manhã desta sexta-feira, todavia, a execução do mandado de prisão foi impedida após cerca de 200 agentes do serviço de segurança presidencial bloquearem as ações da polícia e o cumprimento da ordem. Embates foram testemunhados, mas nenhuma arma foi sacada e nenhuma pessoa ficou ferida, segundo a imprensa do país.

O mandado de prisão tem validade até o próximo dia 06 de janeiro e permite a polícia deter o presidente afastado por pelo menos dois dias para interrogatórios. A equipe jurídica do presidente Yoon argumenta que a ordem é ilegal e que o órgão responsável por investigar insurreições não é o escritório de investigação de corrupção. De qualquer maneira, o impedimento do cumprimento de uma decisão judicial configura obstrução de justiça, e consequentemente os chefes da segurança de Yoon serão também investigados.

Provavelmente o presidente afastado será detido por algumas horas para prestar maiores esclarecimentos, e muitos analistas políticos especializados no país, dizem que as chances de seu afastamento ser definitivo também são grandes. Seja qual for o resultado desse imbróglio, a jovem democracia sul-coreana, passa pelo seu mais desafiador teste em décadas, fazendo com que a estabilidade tão duramente alcançada possa desaparecer rapidamente. A oposição, representada pelo Partido Democrata, poderá sair bastante fortalecida desta crise, mas não terá a garantia de tempos fáceis pela frente. Enquanto as reais razões para o decreto de lei marcial não forem revelados, flertes com o autoritarismo continuarão acontecer colocando em risco uma das mais importantes democracias da Ásia.

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