
A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, criticou nesta quarta-feira (22) o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado pelos Estados Unidos. Segundo ela, o plano é “absolutamente inadequado” e não atende ao direito internacional diante do que descreve como um “genocídio” contra o povo palestino.
O acordo, atualmente em vigor, tenta encerrar dois anos de conflito e prevê a libertação de reféns e a reconstrução da Faixa de Gaza, amplamente destruída pelos combates. No entanto, Albanese afirmou que a trégua é insuficiente e defendeu medidas mais profundas, como o fim da ocupação e da exploração dos recursos palestinos. “Não é uma guerra, é um genocídio, com a intenção de destruir um povo como tal”, declarou a relatora durante entrevista na África do Sul. Ela atua sob mandato da ONU, mas não fala oficialmente em nome da organização.

Israel, que atualmente controla metade do território palestino, nega as acusações e afirma que são “distorcidas, falsas e carregadas de antissemitismo”. A África do Sul, por sua vez, apresentou uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, por crimes de genocídio.
Albanese, que está sob sanções dos Estados Unidos desde julho por suas críticas a Israel, deve apresentar nos próximos dias um novo relatório à ONU a partir da África do Sul. Em uma versão preliminar do documento, ela acusa países ocidentais de “cumplicidade” com Israel, ao fornecerem apoio militar, diplomático e econômico durante o conflito.
Segundo a relatora, Estados Unidos e Israel não apenas “lideram o genocídio em Gaza”, como também “provocam o colapso do sistema multilateral”, ao ameaçar juízes e instituições que buscam responsabilização internacional. Albanese ainda criticou as recentes discussões sobre uma solução de dois Estados, classificando-as como “uma pretensão de fazer algo”, quando o foco deveria ser “como deter o genocídio”. Ela defendeu que os países-membros da ONU rompam vínculos com Israel, argumentando que “aqueles que mantêm relações econômicas, políticas ou militares com o Estado israelense são todos responsáveis em certa medida”.
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*Com informações da AFP