
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (24) que uma reunião direta com o líder russo, Vladimir Putin, seria “a forma mais eficaz de avançar” diante do impasse nas negociações para encerrar a guerra. A declaração foi feita durante as celebrações do 34º aniversário da independência ucraniana, marcadas também por ataques de drones contra a Rússia. Zelensky reforçou que “o formato das conversas entre líderes é o mais eficaz” e renovou seu apelo por um encontro com Putin.
Horas antes, em entrevista à TV estatal russa Rossia, o chanceler Sergei Lavrov criticou o presidente ucraniano por “impor condições e exigir um encontro imediato”. Ele também acusou potências ocidentais de tentar impedir negociações. O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, rebateu a versão de Moscou. Segundo ele, a Rússia já fez “concessões significativas” ao presidente americano, Donald Trump, no âmbito das discussões para encerrar o conflito.
As cerimônias em Kiev contaram com a presença do enviado americano Keith Kellogg e do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. “Juntos, nós, ucranianos, e nossos parceiros nos esforçamos para empurrar a Rússia para a paz”, disse Zelensky. A guerra, iniciada há três anos e meio, já deixou dezenas de milhares de mortos e permanece em ponto morto, embora Moscou tenha obtido avanços recentes no leste da Ucrânia.
Avanços militares e ataques com drones
O comandante-chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Sirski, anunciou a retomada de três aldeias em Donetsk, região ocupada por tropas russas. Kiev também lançou novos ataques com drones em território russo, incluindo contra um complexo do “maior produtor de gás liquefeito da Rússia”.
Autoridades russas disseram ter derrubado drones próximos a grandes cidades, como São Petersburgo. Já Kiev relatou que Moscou lançou um míssil balístico e 72 drones Shahed, de fabricação iraniana, dos quais 48 foram abatidos. Um dos ataques matou uma mulher de 47 anos na região de Dnipropetrovsk.
O Exército ucraniano, com menos recursos do que o russo, tem priorizado o uso de drones contra alvos de infraestrutura energética, considerados essenciais para o financiamento da guerra por Moscou. Para reforçar a defesa aérea da Ucrânia, a Noruega anunciou um financiamento equivalente a R$ 3,8 bilhões para fornecer dois sistemas antimísseis Patriot, em parceria com a Alemanha.

Troca de prisioneiros e clima no front
Rússia e Ucrânia realizaram neste domingo a troca de 146 prisioneiros de guerra, uma das poucas áreas de cooperação desde o início da ofensiva russa, que mantém controle sobre cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014.
Na linha de frente, a data de independência foi lembrada em meio ao combate. “Sou um patriota de coração, mas, quando o Dia da Independência se torna um dia de luta, o sentimento é de sangue e suor”, disse à AFP o médico militar ucraniano Dobrii.
*Com informações da AFP
Publicada por Felipe Cerqueira
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